MIDR encerra benchmarking na Europa com foco em inovação e investimento verde

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Porto (Portugal) — Após duas semanas de intensas trocas de experiências, a delegação do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR) encerra o ciclo do Benchmarking Internacional Saneamento e Resíduos Itália – Portugal, nesta terça-feira (6) com as últimas visitas técnicas a iniciativas de gestão de resíduos na cidade do Porto, em Portugal. A missão serviu de apresentação da carteira de projetos sustentáveis do governo federal a investidores estrangeiros.

Ao longo da imersão, os representantes do MIDR acompanharam de perto soluções adotadas em centros de triagem, compostagem e incineração, além de unidades de valorização energética e orgânica. Também participaram de seminários com especialistas europeus que permitiram refletir sobre os avanços e desafios de cada país. 

“O saldo é muito positivo. Fizemos apresentações com foco nas parcerias público-privadas e nas concessões que o ministério está desenvolvendo e recebemos um retorno muito receptivo dos investidores. Saímos daqui ainda mais convencidos da importância de manter essa agenda de cooperação internacional ativa e estratégica”, afirmou o secretário nacional de Segurança Hídrica, Giuseppe Vieira, que apresentou o modelo de concessão administrativa da Transposição do Rio São Francisco.

Empresas do setor de saneamento ambiental

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Visita a fábrica de sistemas para tratar águas industriais

Na primeira visita desta terça-feira (6), os participantes do benchmarking internacional conheceram a fábrica da AST – Soluções e Serviços de Ambiente, em Porto. A empresa, liderada pelo tecnólogo Stefan Löblich, é referência na fabricação de sistemas compactos de alta performance para o tratamento de chorume e águas industriais complexas. A especialidade da AST está em desenvolver soluções capazes de operar em locais remotos, empregando membranas de ultrafiltração feitas de fibras, que garantem a retirada de vírus, bactérias e partículas em três etapas de filtragem.

Durante a visita, Löblich destacou que a empresa atende grandes operadores de aterros sanitários em países como Brasil, Espanha, Inglaterra, México e Itália. O CEO considerou o Brasil um mercado desafiador pela complexidade tributária e logística, mas ressaltou que a possibilidade de expandir a fabricação de forma local também está em estudo. “Acreditamos que os sistemas devem ser fabricados onde são utilizados. Estamos avaliando modelos que façam sentido para o contexto brasileiro”, explicou Löblich.

Ainda no norte de Portugal, o grupo seguiu para uma visita à Lipor – Serviço Intermunicipalizado de Gestão de Resíduos do Grande Porto. Formada por oito municípios da região metropolitana, a Lipor trata cerca de 500 mil toneladas de resíduos por ano. Em 2023, produziu 189.856 Mwh de eletricidade por meio da movimentação de uma turbina com vapor d’água proveniente da queima de lixo.

Durante a visita, os representantes do governo brasileiro puderam conhecer os principais eixos de atuação da entidade, que incluem a valorização orgânica (compostagem), a valorização energética, a reciclagem e a educação ambiental. Os participantes também visitaram a planta de valorização energética por meio da incineração, que transforma resíduos não recicláveis em energia elétrica, atendendo 900 mil residências locais.

De acordo com Rui Rodrigues, gestor de mercados internacionais da Lipor é possível compartilhar boas práticas e encurtar o período de transição para uma gestão de resíduos mais sustentável no Brasil. “O processo da Lipor em si não é passível de exportação para o Brasil tal como é feito aqui, porque cada país tem as suas especificidades. Mas podemos ajudar a acelerar a transição para uma gestão de resíduos mais eficiente e sustentável”, afirmou Rodrigues, enfatizando a urgência global em lidar com as mudanças climáticas. “É preciso tomar uma atitude muito mais séria do que aquilo que foi estabelecido no Acordo de Paris, e que mesmo assim não é cumprido”, concluiu.

A participação do MIDR no benchmarking reforça o compromisso do governo federal em fortalecer políticas públicas voltadas à infraestrutura sustentável, sobretudo em segurança hídrica e gestão de resíduos sólidos urbanos. Ao promover o intercâmbio de conhecimentos com países que avançaram nessas áreas, o Brasil busca acelerar sua própria transição para soluções mais eficientes e resilientes, com apoio técnico e investimento estrangeiro.


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Fonte: Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional