Como parte da agenda das negociações climáticas globais, o Ministério da Cultura (MinC) marca presença de destaque na 62ª Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre Mudanças Climáticas (SB62), realizada em Bonn, na Alemanha. A delegação brasileira impulsionou debates estratégicos para consolidar a cultura como um pilar fundamental da ação climática, pavimentando o caminho para a COP30, que será realizada em novembro, em Belém (PA).
O ponto alto da atuação do MinC até o momento foi o evento paralelo Cultural Heritage-based Climate Solutions, Soluções Climáticas Baseadas no Patrimônio Cultural em tradução livre, realizado nesta terça-feira (17). Organizado pelo Grupo de Amigos da Ação Climática Baseada na Cultura, copresidido por Brasil e Emirados Árabes Unidos (EAU), o painel teve a sala lotada e demonstrou a força crescente desta agenda no cenário internacional.
O debate, moderado por Mahnaz Fancy (EAU), foi aberto por Carlos Paiva, assessor especial da ministra Margareth Menezes, que destacou o esforço do Brasil em alavancar as discussões e promover este debate crucial. A fala foi endossada por uma saudação de Ernesto Ottone, diretor-geral adjunto para Cultura da Unesco, que reafirmou a agência da ONU como principal parceira de conhecimento do grupo.
O painel reuniu especialistas que apresentaram soluções práticas e inovadoras como:
* Andrew Potts (ICOMOS/EUA) detalhou o projeto Preserving Legacies, que envolve ações de adaptação em terreiros de Salvador (BA).
* A arqueóloga Bruna Rocha (UFOPA) apresentou o projeto “Amazônia Revelada”, que usa tecnologia para descobrir o passado de ocupação da floresta, oferecendo um novo olhar sobre a região.
* Nikolas Bakirtzis (Chipre) e Eric Kioko (Quênia) abordaram, respectivamente, os riscos de “comoditização” do patrimônio cultural e a urgência de criar linhas de financiamento específicas para a adaptação cultural.
A produtora cultural e Campeã da Juventude da Presidência da COP30, Marcele Oliveira, fez um chamado ao engajamento das novas gerações e explicou o conceito de “mutirão”, que será central na COP de Belém. “É um chamado à ação coletiva, um conceito que vem de nossas raízes indígenas e que vamos levar ao mundo para construir juntos as soluções para o clima”, afirmou.
Agenda estratégica
Além do evento de destaque, a agenda da delegação do MinC em Bonn é extensa e inclui participação ativa em reuniões sobre a Meta Global de Adaptação (GGA) e diálogos da Plataforma de Comunidades Locais e Povos Indígenas (LCIPP).
As discussões e os contatos realizados durante a SB62 são fundamentais para preparar a COP30, onde o Brasil terá a responsabilidade de liderar as negociações globais do clima.
A participação do Ministério da Cultura em Bonn reafirma a posição do governo brasileiro de que não há solução climática justa e duradoura sem o envolvimento pleno da cultura, da arte, do conhecimento ancestral e dos saberes tradicionais. As atividades desta semana são um passo decisivo para garantir que a COP da Amazônia seja, também, a COP da Cultura.
Fonte: Ministério da Cultura
