Ministério da Saúde realiza I Seminário Nacional de Saúde Indígena e Mudanças Climáticas

Saúde

O Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Saúde Indígena (Sesai), concluiu em Rio Branco, no Acre, o I Seminário Nacional de Saúde Indígena e Mudanças Climáticas. Realizado entre os dias 24 e 26 de setembro, o evento reuniu cerca de 200 participantes, incluindo coordenadores de Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI), referências técnicas, pesquisadores e lideranças indígenas, para discutir os impactos das mudanças climáticas na saúde dos povos originários e construir estratégias conjuntas de enfrentamento.

As mudanças climáticas representam uma das maiores ameaças à saúde pública global, com efeitos particularmente severos sobre os povos indígenas, cujos modos de vida estão intrinsecamente ligados ao meio ambiente. Eventos climáticos extremos, a contaminação dos recursos naturais e as alterações na biodiversidade afetam diretamente a segurança alimentar, a saúde física e mental das comunidades. Diante desse cenário, o seminário teve como objetivo fomentar estratégias que articulem saberes tradicionais, práticas de cuidado e políticas públicas, buscando a elaboração conjunta de ações para o microplanejamento de cada território.

“Este evento é um marco para a saúde indígena. Pela primeira vez, reunimos lideranças, gestores e especialistas para escutar e valorizar os saberes dos povos originários, que são as primeiras e mais afetadas vítimas da crise do clima”, afirmou o secretário de saúde indígena do Ministério da Saúde, Weibe Tapeba.

O secretário também destacou que o seminário foi o primeiro passo para a criação do Programa Resiliência Climática e Saúde Indígena. “O que construímos aqui não será apenas um documento, mas uma base sólida para um novo programa de atenção à saúde indígena, o Programa Resiliência Climática e Saúde Indígena, que irá fortalecer nossas políticas públicas e proteger a saúde e o bem-estar das populações indígenas afetadas pela a crise do clima, concluiu.”

Eixos temáticos

O evento foi estruturado em cinco eixos temáticos:

No Eixo 1, os participantes analisaram os impactos socioambientais da crise climática. Entre os subtemas discutidos estavam as consequências da seca extrema e estiagens no acesso à água potável e no aumento de doenças de veiculação hídrica. Também foi abordada a correlação entre os efeitos da mineração, do uso de agrotóxicos e a saúde dos ecossistemas indígenas, além das implicações para a saúde e alimentação tradicional decorrentes de incêndios florestais e perda de biodiversidade.

O Eixo 2 reconheceu e valorizou os saberes e as práticas tradicionais como tecnologias de enfrentamento da crise climática. O seminário destacou o papel das medicinas indígenas na mitigação dos impactos psicossociais da crise e na promoção do bem-viver, buscando a integração entre as práticas tradicionais e as profissões ocidentais de saúde. A vigilância comunitária foi apresentada como uma tecnologia social de alerta e resposta, reforçando a necessidade de fortalecer as medicinas indígenas como parte da resposta adaptativa nos territórios.

No Eixo 3, a discussão se concentrou na capacidade institucional do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (SasiSUS) frente às emergências climáticas. Foram analisadas as políticas públicas vigentes e a participação indígena na formulação e implementação das políticas de saúde e clima. O seminário serviu como um espaço para propor caminhos para a construção de um modelo de gestão climática sensível aos territórios, incluindo a elaboração do Programa Resiliência Climática e Saúde Indígena, a metodologia de planejamento estratégico do Comitê de Resposta a Eventos Extremos na Saúde Indígena (CRESI) e a modelagem de equipes de resposta rápida em territórios indígenas.

Ainda foram discutidos nos eixos 4 e 5 o monitoramento, alerta precoce e resiliência climática, além da resposta estratégicas para eventos climáticos e sobre a infraestrutura pós-desastre.

O evento teve como formato painéis temáticos com especialistas, mesas de diálogo entre lideranças indígenas e gestores, oficinas e grupos de trabalho que resultaram na construção de recomendações. A plenária final validou as propostas.

Luiz Cláudio Moreira
Ministério da Saúde

Fonte: Ministério da Saúde