O Museu do Diamante, vinculado ao Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) e localizado em Diamantina (MG), foi selecionado para a longlist do Prêmio ICOM de Prática de Desenvolvimento Sustentável em Museus 2025. A premiação, promovida pelo Conselho Internacional de Museus (ICOM), reconhece ações transformadoras de instituições culturais alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU).
O projeto inscrito pelo museu, focado na valorização da identidade territorial e no empoderamento de mulheres da comunidade, foi um dos representantes brasileiros entre os mais de 130 projetos de 60 países analisados pelo ICOM. A conquista internacional se soma à trajetória do museu como um importante agente de transformação social no Vale do Jequitinhonha.
Mulheres, território e sustentabilidade
A ação premiada foi construída em torno da atuação com mulheres da região, por meio de oficinas de arte e educação que abordam a sustentabilidade, a autonomia e a força feminina diante da realidade de violências sofridas. As echarpes que aparecem nas imagens do projeto são resultado dessas oficinas, feitas com materiais recicláveis. “Queremos mostrar que com pouco se pode fazer muito, e que a cultura pode ser uma ferramenta de emancipação e fortalecimento”, explica Cássia Tatiane Teixeira, diretora do museu.
O projeto se ancora em três eixos principais:
- Educação para a sustentabilidade: com foco em mulheres e também em crianças e adolescentes, o museu realiza formações que estimulam o pensamento crítico e o uso criativo de recursos, como materiais recicláveis;
- Relação com o território: ações desenvolvidas em diálogo com o acervo, a história e os desafios sociais e ambientais locais;
- Gestão de recursos com consciência: mesmo com estrutura física e orçamentária limitada, o museu articula parcerias e viabiliza atividades com impacto real na vida das pessoas.
Um museu feito por pessoas
Durante entrevista à Comunicação do Ibram, Cássia destacou com emoção a importância do trabalho coletivo da equipe, mesmo reduzida. “Os verdadeiros diamantes do Museu do Diamante são as pessoas que o mantêm vivo. Com entusiasmo, dedicação e espírito coletivo, fazemos com que as ações aconteçam mesmo diante de restrições estruturais e orçamentárias”, afirmou.
Mesmo diante dos desafios, Cássia e sua equipe, seguem acreditando. “Ainda assim, temos certeza de que o futuro será de restauro, fortalecimento e retorno à nossa sede original”, completa.
Visibilidade, engajamento e inspiração
Para a diretora, o reconhecimento internacional é um passo importante para ampliar as ações e inspirar outras instituições brasileiras: “Estamos pisando no chão do Vale do Jequitinhonha, mas de olho em Dubai”, brincou, referindo-se à 27ª Conferência Geral do ICOM, que será realizada nos Emirados Árabes Unidos em 2025, onde serão anunciados os projetos finalistas.
Segundo Cássia, a comunidade pode contribuir com visibilidade e apoio: “Vamos fazer barulho e mostrar que é possível avançar com pouco, desde que haja vontade, planejamento e cooperação. Esse reconhecimento também é para que outras instituições vejam até onde é possível ir”.
Sobre o prêmio
O Prêmio ICOM de Prática de Desenvolvimento Sustentável em Museus é a primeira premiação global dedicada a reconhecer museus que integram os ODS às suas práticas cotidianas. Os projetos finalistas serão anunciados em Dubai, durante a Conferência Geral do ICOM 2025, e receberão certificados com divulgação internacional.
Fonte: Ministério da Cultura