Aconteceu, nesta terça-feira (26/6), o primeiro diálogo do Balanço Ético Global (BEG), um chamado mundial à ação climática rumo à COP30, a Conferência do Clima de Belém (PA). Em Londres, no Reino Unido, vinte participantes discutiram, sob diferentes perspectivas, o imperativo ético de enfrentar a mudança do clima e como ele pode se refletir nas negociações climáticas que acontecerão sob a liderança do Brasil em novembro.
O Diálogo Europeu, co-organizado pela ex-presidente da Irlanda e referência na luta por justiça climática, Mary Robinson, foi o primeiro de seis encontros regionais a serem conduzidos até outubro em diferentes continentes para abarcar a diversidade de identidades, geografias, setores e visões de mundo.
Estiveram presentes representantes de organizações da sociedade civil, cientistas, economistas, ativistas, lideranças políticas e representantes do setor privado europeus ou residentes na Europa (confira a lista completa ao final). Participaram também a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva; o presidente da COP30, Embaixador André Corrêa do Lago; a diretora-executiva da conferência, Ana Toni; e o embaixador do Brasil no Reino Unido, Antônio Patriota.
Centro de um dos quatro círculos de liderança da COP30 e conduzido pelo presidente Luíz Inácio Lula da Silva e pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, o Balanço Ético Global culminará em seis relatórios regionais e um relatório-síntese a ser entregue a chefes de Estado e negociadores durante a Pré-COP, em outubro. Os resultados do processo também estarão refletidos em um espaço físico na conferência em Belém.
O encontro europeu aconteceu no Jardim Botânico Real de Kew como parte da programação da Semana de Ação Climática de Londres, um dos mais importantes foros climáticos do mundo e evento do calendário oficial da COP30.
“É preciso reconhecer o caráter antiético da postura de assumir compromissos desprovidos de desdobramentos práticos. E temos que, inconvenientemente, nos perguntar: é ético não levar a sério os acordos que firmamos?”, questionou a ministra Marina Silva em sua intervenção.
Ela destacou que a palavra de ordem, de agora em diante, é implementação, sobretudo das decisões reunidas no Consenso dos Emirados Árabes Unidos, lastreadas no primeiro Balanço Global do Acordo de Paris, realizado na COP28 em Dubai. Por meio dele, 196 países concordaram em alinhar ações para não ultrapassar a meta de limitar o aquecimento médio do planeta a 1,5ºC em relação aos níveis pré-industriais. As principais medidas pactuadas são triplicar a capacidade das energias renováveis, dobrar sua eficiência energética e promover a transição justa e planejada para o fim do uso de combustíveis fósseis e do desmatamento.
O presidente da COP30 afirmou que o Balanço Ético Global “nos lembra como indivíduos podem fazer uma mudança enorme”. Segundo André Corrêa do Lago, a essência da dimensão ética do enfrentamento à mudança do clima é a decisão de fazer a coisa certa quando as pessoas envolvidas no processo “assumem uma função que permite fazê-la”.
“Espero que esses Balanços Éticos levem a voz do povo à COP30. Tal como aconteceu com o Balanço Global, espero que provoquem reflexão e, mais importante, sirvam como um ponto de pressão para a ação”, ressaltou Mary Robinson.
Fortalecimento dos valores necessários à transformação ecológica
Cada Diálogo Regional do BEG será facilitado por um coorganizador. Além de Mary Robinson, Wanjira Mathai e Karenna Gore serão as co-organizadoras para os Diálogos da África e da América do Norte, respectivamente, e também estiveram presentes no Diálogo Europeu.
O BEG também incentivará Diálogos Autogestionados, realizados por organizações da sociedade civil e governos nacionais e subnacionais, seguindo a mesma metodologia e princípios do processo oficial.
O objetivo é que as discussões levantadas em todos esses encontros contribuam para alinhar o arcabouço e os processos de negociação da o calendário oficial da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC, na sigla em inglês), à missão urgente de implementar os acordos climáticos firmados na última década.
No coração da iniciativa, está a percepção de que nenhuma solução técnica pode ser verdadeiramente eficaz sem uma mudança de comportamentos e trajetórias coletivas. O Balanço Ético Global busca incentivar o fortalecimento de valores culturais que orientem para a transformação ecológica, necessária para o futuro da humanidade no planeta frente à crise climática.
Lista completa de participantes do Diálogo Europeu do Balanço Ético Global (BEG):
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Alexandre Antonelli, diretor de Ciência no Jardim Botânico Real de Kew e professor de Biodiversidade na Universidade de Oxford;
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Brice Böhmer, coordenadora global de Clima e Meio Ambiente da Transparência Internacional;
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Daze Aghaji, ativista pela justiça climática, educadora, curadora cultural e fundadora da Extinction Rebellion Youth UK;
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Eamon Denis Ryan; ex-ministro do Meio Ambiente, Clima e Transportes da Irlanda, implementou a Lei do Clima irlandesa de 2021;
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Elisa Morgera, relatora especial da ONU sobre Direitos Humanos e Mudança do Clima e professora de Direito Ambiental Global na Universidade de Strathclyde;
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Emilie Laurence Tubiana, diretora-executiva da European Climate Foundation, diplomata de carreira e coautora do Acordo de Paris;
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Emmanuel Guérin, fellow da European Climate Foundation e um dos arquitetos do Acordo de Paris;
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Hannah Martin, cofundadora e codiretora executiva do Green New Deal Rising, movimento climático liderado por jovens do Reino Unido;
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Jennifer Lee Morgan, ex-secretária de Estado para Política Climática Internacional da Alemanha;
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Jutka Bari, bióloga, diretora da Green Legal Platform e especialista em desenvolvimento comunitário e justiça social;
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Kate Hampton, CEO da Children’s Investment Fund Foundation (CIFF);
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Lorna Tevnan Gold, presidente do conselho do Movimento Laudato Si’ e diretora de Advocacy da FaithInvest, organização que conecta instituições religiosas a práticas éticas de financiamento;
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Malcom Ferdinand, engenheiro ambiental e filósofo político, pesquisador do Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS) e autor do livro “Uma ecologia decolonial: pensar a partir do mundo caribenho”;
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Mara Andreea Ghilan, jovem ativista ambiental e especialista em política climática;
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Mate Coban, vice-prefeito de Londres para Meio Ambiente e Energia;
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Nicholas Stern, economista, professor da London School of Economics e autor do relatório “Stern Review: a Economia da Mudança do Clima”;
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Paul Polman, ex-CEO da Unilever e cofundador da IMAGINE, é referência global em sustentabilidade corporativa e liderança ética;
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Rosamund Adoo-Kissi-Debrah, ativista ambiental britânica e fundadora da Fundação Ella Roberta;
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Sébastien Duyck, advogado sênior no Centro de Direito Ambiental Internacional (CIEL), coordena a campanha global sobre clima e direitos humanos;
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Tom Clements, diretor do programa International Nature and Climate da Royal Foundation, braço de iniciativas ambientais e climáticas liderada pelo Príncipe de Gales.
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