No Congresso, ministra Margareth Menezes celebra o centenário de Mãe Stella de Oxóssi

Cultura

A ministra da Cultura, Margareth Menezes, participou nesta quinta-feira (12), em Brasília (DF), de sessão solene do Congresso Nacional em homenagem ao centenário de nascimento de Mãe Stella de Oxóssi, umas das principais referências do candomblé no país.

“A vida e obra de Mãe Stella de Oxóssi são um legado vivo que nos desafia a manter viva a chama da tradição, da memória e do respeito às raízes negras e africanas que formam nossa identidade. Que esse centenário não apenas celebre suas conquistas e ensinamentos, mas também se torne um símbolo de resistência, sabedoria e amor à nossa cultura. Devemos lembrar que mulheres negras sempre tiveram papel crucial na construção da sociedade, não apenas nas esferas sociais e econômicas, mas também espirituais e culturais”, destacou a ministra Margareth Menezes, que estava acompanhada da presidenta da Fundação Nacional de Artes (Funarte), Maria Marighella.

A cerimônia realizada no Plenário Ulysses Guimarães, na Câmara dos Deputados, foi requerida por iniciativa do senador Jaques Wagner e dos deputados João Carlos Bacelar e Lídice da Mata.

Intolerância religiosa

Nascida Maria Stella de Azevedo Santos, em Salvador (BA), Mãe Stella foi a quinta ialorixá do terreiro Ilê Axé Opô Afonjá, um dos mais importantes do país.

Defensora dos direitos humanos e da liberdade de crença, ela teve publicados diversos livros que ajudaram a dar visibilidade à cultura afro-brasileira. Ao longo de sua vida se dedicou a combater o racismo e a intolerância religiosa, buscando reconhecimento e respeito para as religiões de matriz africana.

Jaques Wagner salientou que a deferência a Mãe Stella de Oxóssi vai além da solenidade promovida nesta quinta. “Homenagear uma pessoa como a cidadã Maria Stella de Azevedo Santos não se resume a um ato cerimonial. Implica em nos comprometermos com as causas que ela defendeu. O combate ao racismo, à intolerância, o fomento da educação e da cultura, a defesa dos diretos das mulheres, dos idosos e das crianças. Que seja esse o nosso compromisso”.

A sacerdotisa, que morreu em 2018, aos 93 anos, era integrante da Academia de Letras da Bahia e Doutora Honoris Causa pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Em 1999, recebeu a Ordem do Mérito Cultural, maior honraria do setor, concedida pelo Ministério da Cultura (MinC), na categoria Comendador.

Ela também se sobressaiu na educação ao fundar a Escola Eugênia Anna dos Santos. A instituição, localizada no Ilê Axé Opô Afonjá, antecipou as metas da Lei 10.639, de 2003, que tornou obrigatória a inclusão da história e da cultura afro-brasileira no ensino básico.

Carimbo comemorativo

Durante a sessão foi lançado o carimbo comemorativo dos Correios alusivo aos 100 anos de nascimento de Mãe Stella de Oxóssi. “Ao eternizarmos sua imagem na filatelia estamos também eternizando a sua luta, voz e herança. Respeitar as religiões de matriz africana é respeitar a nossa história, a nossa cultura e a identidade nacional”, frisou o superintendente da estatal em Brasília, Paulo Henrique Soares de Moura.

Também estiveram presentes na cerimônia representantes de terreiros, autoridades religiosas e políticas, além de familiares e seguidores de Mãe Stella.

Fonte: Ministério da Cultura