Palhaçaria e grafite mostram força das ruas na construção de comunidades fora das redes sociais

Cultura

“A rua é o maior museu do mundo”. Foi a partir dessa perspectiva que a live temática direcionada para os agentes territoriais de cultura discutiu a palhaçaria e o grafite como formas de comunicação fora do ambiente das redes digitais. A atividade online aconteceu nesta quarta (24), no escopo do Programa Nacional dos Comitês de Cultura, e destacou a arte produzida nas ruas como ferramentas de divulgação cultural e engajamento social.

Karen Mirelly, palhaça, integrante da companhia Arte e Riso e agente territorial de cultura em atuação na região de Pau dos Ferros (RN), participou da live para compartilhar a experiência dela com o que chama de palhaçada. “Algo que está mais próximo do meu terreiro e dos meus mestres”, explicou. Durante a conversa, Karen chamou a atenção para o poder de mobilização das artes públicas produzidas nas ruas.

“Eu não estou na rua porque é o que resta, estou na rua porque entendo que preciso ir, com o meu nariz vermelho, onde as pessoas estão. Não posso esperar elas virem até mim. Eu não desenvolvo o meu trabalho para a comunidade, eu faço com a comunidade. Chegando nos bairros periféricos, nas praças, nas zonas rurais, nos assentamentos, acreditando que o dever da arte é chegar nos mais diversos espaços. O nosso dever, enquanto arte, é romper barreiras e criar laços”, afirmou.

Karen também falou sobre a forma que a atuação como agente territorial de cultura tem contribuído para potencializar o trabalho de cultura popular de todas as cidades da região, no interior do Rio Grande do Norte.

“Estar na rua é agir em rede. Por meio do programa de agentes territoriais de cultura estamos fazendo um mapeamento que não fica só no papel, serve para a gente saber quem são nossos parceiros, parceiras e imaginar possíveis trocas. É saber que eu tenho um colega na minha cidade vizinha ou duas cidades depois, e ir até lá, chegar junto, potencializar, somar no trabalho deles, e ele chegar junto na minha cidade e juntos a gente construir uma rede ativa”, concluiu.

Espaço democrático

A artista visual Bruna Gomes atua como agente territorial na cidade do Rio de Janeiro (RJ). Nascida e criada na Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha, ela falou sobre a arte visual compartilhada nas ruas como um instrumento democrático de comunicação e de acolhimento.

“A rua é esse local que abriga todos os artistas, independentemente de experiência, de portfólio, de indicação. E para além disso, todos nós, artistas ou não, trabalhadores, moradores daquele local ou não, transitamos por ela. Nesse sentido, o grafite, a arte urbana, assume um papel muito democrático por estar dentro desse grande museu que é a rua”, afirmou.

A agente territorial também lembrou a força que esse tipo de arte tem ao construir um sentimento de pertencimento na comunidade, que passa a partilhar e identificar os símbolos retratados nos muros da favela.

“Em alguns territórios, quando você está chegando, já dá de cara com uma parede pintada indicando que você está entrando naquele local. O grafite é usado também como símbolo de memória de pessoas que já se foram e que, de alguma forma, foram importantes para aquele território. É o jeito do território se comunicar com o mundo”, explicou.

A mediação da atividade online foi feita por Patrícia Mesquita, ponto focal da região Nordeste da equipe que coordena os agentes territoriais de cultura, vinculada ao Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN).

Assista a íntegra da live sobre ferramentas não digitais para divulgação de ações culturais:

 

Fonte: Ministério da Cultura