Brasília (DF) — O Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR) contará, nos próximos dois anos, com o apoio de um especialista da Agência de Cooperação Internacional do Japão (Jica) para acompanhar a construção de barreiras de contenção em Teresópolis e em Nova Friburgo (RJ). O anúncio foi feito nesta segunda-feira (25) pelo Representante Sênior da Jica em Brasília, Kashiwagi Shohei, ao ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes. A medida representa mais um avanço na cooperação nipo-brasileira para a proteção de populações vulneráveis a deslizamentos de massa.
O fortalecimento da resiliência frente aos impactos das mudanças climáticas reafirma o protagonismo do governo brasileiro nas articulações globais voltadas ao desenvolvimento sustentável. Durante o encontro, o ministro Waldez Góes ressaltou que, por orientação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o país tem priorizado debater sobre riscos de desastres em fóruns multilaterais. “O presidente Lula sempre nos recomenda fortalecer a cooperação com países parceiros, a exemplo do Japão. Isso tem feito parte do dia a dia, sobretudo no que diz respeito ao aprimoramento da capacidade de resposta, à construção de resiliência climática e ao fortalecimento da infraestrutura. Esse esforço tem permeado as ações do G20, do BRICS e da COP 30, que será realizada em Belém”, ressaltou.
Cooperação Brasil-Japão
Brasil e Japão cooperam há mais de uma década na área de prevenção de desastres. Um marco dessa parceria é o Projeto Sabo — Projeto de Aprimoramento da Capacidade Técnica em Medidas Estruturais contra Movimentos Gravitacionais de Massa com Foco na Construção de Cidades Resilientes. A sigla vem do japonês “sa” de sedimento e “bo” de proteção, e se refere a barreiras projetadas para reter e controlar fluxos de detritos, permitindo apenas a passagem da água.
Como parte da expansão dessa cooperação, o MIDR solicitou formalmente à Jica a designação de um especialista em engenharia Sabo para atuar em parceria com a Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sedec). “A Jica avaliou positivamente a solicitação e temos a convicção de que esse novo profissional será enviado no seu tempo determinado”, afirmou Kashiwagi Shohei.
A atuação do consultor da Jica durante a execução das obras – que devem começar no primeiro semestre de 2026 — visa o acompanhamento técnico e a sistematização de aprendizados que poderão ser incorporados ao manual brasileiro de elaboração de projetos de engenharia para a retenção de fluxos de detritos, atualmente em fase de conclusão.
O secretário nacional de Proteção e Defesa Civil, Wolnei Wolff, ressaltou que a disseminação da tecnologia Sabo no Brasil já começa a se expandir para outras regiões além da serra fluminense. “Em Santa Catarina, vamos desenvolver estudos para um projeto de engenharia em Blumenau. Em São Paulo, trabalharemos nas cidades litorâneas de Caraguatatuba e São Sebastião, e também em Petrópolis, no Rio de Janeiro”, afirmou.
O objetivo, segundo Wolnei Wolff, é aplicar todo o conhecimento adquirido nos últimos quatro anos de cooperação com o Japão e transferi-lo para os especialistas brasileiros, de modo que essa experiência se consolide como referência nacional. Outra frente prevista é a realização de um workshop ministrado por um especialista internacional em prevenção de desastres, que virá ao Brasil após a próxima reunião do G20 em Cape Town, ampliando a capacitação da Sedec na área Sabo.
Na reunião, o ministro Waldez Góes também demonstrou interesse em uma modalidade de crédito emergencial oferecida pela Jica em moeda japonesa. Conhecido como “Stand By”, o financiamento permanece disponível para uso em situações de emergência e já é adotado pelo Peru na América Latina.
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Fonte: Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional