Patinetes Elétricos: Revolução da Mobilidade e Desafios Urbanos

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Enquanto usuários aproveitam a praticidade, autoridades e especialistas alertam para a necessidade urgente de equilibrar inovação e regulamentação

Foto: Semob/SSA

Nas orlas de Salvador e nas calçadas, ciclovias e áreas de lazer de Brasília, uma cena se repete: patinetes elétricos espalhados, ocupando calçadas, vias em áreas turísticas. O fenômeno, que ressurgiu com força após a pandemia, mistura promessas de transporte e lazer com sustentabilidade com riscos de segurança e desorganização urbana. Enquanto usuários aproveitam a praticidade, autoridades e especialistas alertam para a necessidade urgente de equilibrar inovação e regulamentação.
Estudos apontam que patinetes emitem até 70% menos CO₂ por quilômetro comparado a carros, contribuindo para a descarbonização de centros urbanos. Empresas como a Whoosh já registram reduções de 4 mil toneladas métricas de CO₂ em suas operações globais.

A “última milha” — trajetos curtos entre estações de metrô e destinos finais — é o principal uso desses veículos. Em São Paulo, por exemplo, patinetes compartilhados são integrados a apps de mobilidade, facilitando deslocamentos rápidos.

Por ocuparem menos espaço que carros, ajudam a desafogar vias. Em cidades como Florianópolis, onde a Whoosh opera 24h, a frota de 1.300 patinetes já influencia a dinâmica do tráfego.

Apesar da Resolução 996/2023 do Contran classificar patinetes como “equipamentos de mobilidade individual” e limitar sua circulação a ciclovias e velocidades de até 20 km/h, muitas cidades ainda não adaptaram suas leis locais. Em Balneário Camboriú (SC), por exemplo, a prefeitura precisou proibir patinetes em calçadas após um atropelamento fatal 11. Em São Paulo, empresas enfrentam multas de até R$ 5 mil por infrações de usuários, como estacionamento irregular ou excesso de velocidade.

Ciclovias são escassas e mal conservadas, e o pavimento irregular das vias brasileiras aumenta o risco de quedas — problema agravado pelas rodas pequenas dos patinetes, menos estáveis que as de bicicletas. É comum ver adultos transportando crianças ou dois usuários em um mesmo patinete, prática proibida por fabricantes. Equipamentos de proteção, como capacetes, são raramente utilizados, mesmo em cidades que exigem idade mínima de 18 anos para locação. Estudos da Fundación Mapfre apontam que acidentes com patinetes frequentemente envolvem desequilíbrios causados por buracos ou grelhas.

Regulamentação Clara e Fiscalizada é nescessária

Municípios devem alinhar normas locais às diretrizes nacionais, como fez São Paulo ao exigir georreferenciamento e devolução em estações fixas. Ampliação de ciclovias e pavimentação adequada são urgentes. Projetos-piloto, como os corredores da Avenida Paulista, mostram que infraestrutura dedicada reduz conflitos 8. Empresas precisam educar usuários sobre segurança e regras. A Whoosh, por exemplo, criou uma escola online de condução 10. Revisar modelos de cobrança (por distância, não por tempo) pode democratizar o acesso e reduzir incentivos à velocidade excessiva 12.

Os patinetes elétricos simbolizam a busca por cidades mais verdes, mas seu sucesso depende de um esforço coletivo. Enquanto Salvador e Brasília vivem a “febre” da micromobilidade, casos como o de Balneário Camboriú revelam os riscos da negligência. Como afirmou o secretário nacional de Trânsito, Adrualdo Catão, “regras claras reduzem judicialização e salvam vidas” 9. O desafio agora é transformar a anarquia em ordem, sem extinguir a inovação.

Fontes consultadas: Resolução Contran 996/2023 , estudos da Fundación Mapfre, relatórios da Whoosh, e casos municipais.

 

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