Criado a partir da experiência do Brasil com a Política Nacional de Cultura Viva (PNCV), o programa de cooperação internacional IberCultura Viva, que reúne 14 países com ações semelhantes de valorização de entidades e grupos culturais de base comunitária, promoveu nesta segunda-feira (29) um evento paralelo na Conferência Mundial de Políticas Culturais e Desenvolvimento Sustentável (Mondiacult 2025), organizada pela Unesco, na Espanha.
Com o tema A promoção dos Direitos Culturais e o Fortalecimento dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, a atividade compartilhou com os participantes a importância da cooperação entre governos e sociedade civil para ampliar direitos culturais e contribuir com sociedades justas, democráticas e sustentáveis.
A presidenta do programa, Márcia Rollemberg, que também é secretária de Cidadania e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura do Brasil (MinC), destacou que essa parceria público-comunitária é essencial para dar visibilidade aos grupos e comunidades que antes ficavam à margem da política de cultura. Lembrou que apenas o Brasil conta com quase 10 mil Pontos de Cultura reconhecidos.
“Apresentamos o programa, os resultados e o trabalho inspirado no Brasil com essa política de base comunitária, que une a todos nós. É isso: estamos aqui para fazer a política cultural fortalecida e construir um ODS específico da cultura. O IberCultura reúne 14 países. É uma experiência regional e um caso da América Latina, inspirando o mundo a olhar para os povos originários, para os povos de comunidades afrodescendentes e para as comunidades tradicionais. Então, é uma política inclusiva, afirmativa e de grande participação social.”
Atualmente, o IberCultura reúne Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, El Salvador, Equador, Espanha, México, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai. É o maior número de países membros desde sua criação em 2014. O Programa promove intercâmbios de políticas, processos formativos e de pesquisa, editais públicos para a distribuição de bolsas, apoio à mobilidade de grupos e premiação de projetos culturais.
Em 10 anos de existência, já foram concedidas 820 bolsas de pós-graduação em Políticas Culturais de Base Comunitária em parceria com a Flacso-Argentina, mais de 600 redes e projetos colaborativos apoiados, 148 iniciativas culturais da sociedade civil premiadas em diversas línguas e expressões e facilitou a circulação e o intercâmbio de 179 grupos e comunidades.
A mesa teve a presença da ministra das Culturas, Artes e Saberes da Colômbia, Yannai Kadamani, que compartilhou as iniciativas de seu país para estreitar as relações entre o Estado e as organizações populares. Citou a participação de mais de sete mil agentes do setor artístico e cultural no fortalecimento da Lei Geral de Cultura.
“É uma das únicas leis na Colômbia que foi construída com uma participação tão massiva e que tem uma incidência direta na legislação do nosso país. E isso passou por consultas entre os trabalhadores e trabalhadoras da arte e da cultura e por pessoas que fazem parte dos processos de Cultura Viva Comunitária. Graças a essas consultas, o conceito de cultura viva comunitária começa a aparecer neste fortalecimento da Lei Geral de Cultura”, completou.
O evento contou ainda com a participação de Vicenta Moreno, diretora de Desenvolvimento Regional do Ministério da Cultura, Artes e Conhecimento da Colômbia; e Jazmin Beirak, diretora-geral de Direitos Culturais do Ministério da Cultura da Espanha. A mediação foi conduzida por Lorena Larios Rodríguez, diplomata mexicana e secretária para a Cooperação Ibero-americana na Secretaria-Geral Ibero-Americana (SEGIB).
Fonte: Ministério da Cultura