Retorno à sala de aula transforma a vida de aluna da EJA

Acre

Às vezes, uma única decisão é o ponto de partida para transformar toda uma história. Para Taty Gomes da Rocha, esse ponto de virada foi o retorno à sala de aula. Filha de trabalhadora rural, ela precisou abandonar os estudos ainda criança, mas na Educação de Jovens e Adultos (EJA) da rede estadual do Acre, reencontrou os caminhos para conquistar sua independência e o direito de sonhar.

Taty Gomes: “Nunca é tarde para recomeçar”. Foto: Mardilson Gomes

Há alguns anos, Taty se matriculou na escola Berta Vieira de Andrade, localizada na Estrada do São Francisco em Rio Branco. Taty é mulher trans e foi com a retomada dos estudos que ela se reconheceu e reencontrou o caminho que havia deixado para trás. “Foi aqui na escola que comecei a me aceitar mais, a gostar de mim, a me soltar. A EJA me ajudou muito, me deu independência e coragem”, destaca.

Filha de uma mãe solteira e parte de uma família com cinco irmãos, Taty cresceu em meio a muitas dificuldades. A mãe, para sustentar os filhos, trabalhou como cozinheira em fazendas, enfrentando uma rotina pesada. “Minha mãe era cozinheira de peão em fazenda e, como não tinha com quem me deixar, me levava junto. Por isso, estudei pouco e parei com uns nove anos”, relembra.

Hoje, aos 29 anos, Taty vive a rotina de trabalho e estudo, celebra a vitória de concluir a educação básica e estar finalizando o curso técnico gratuito de Assistente de Laboratório. “Hoje trabalho com serviços gerais, mas o curso pode me ajudar a conseguir algo melhor. Meu sonho é fazer faculdade e conquistar minha casa”, afirma.

Taty Gomes: “Se eu não tivesse voltado a estudar, acho que não teria me descoberto”. Foto: Mardilson Gomes

Em 2024, a EJA do Acre atendeu, assim como Taty, um universo de 14.926 alunos. Para este semestre de 2025, as matrículas continuam abertas até o dia 30 de junho. Além das etapas de ensino fundamental e médio, a rede estadual acreana oferece cursos gratuitos de qualificação profissional, o que amplia as possibilidades de formação desses estudantes.

Atualmente, 46 escolas, distribuídas em 19 municípios, ofertam 16 diferentes cursos profissionalizantes. Essas ações beneficiam diretamente 2.384 educandos, promovendo, além da elevação da escolaridade, a inserção no mundo do trabalho.

A formatura de Taty já está marcada para julho deste ano e ela será a oradora da turma. “Se eu não tivesse voltado a estudar, acho que não teria me descoberto, nem teria coragem de ser quem sou hoje”, conta. E para aqueles que, assim como Taty, tiveram que interromper os estudos, ela deixa um recado: “Nunca é tarde para recomeçar. Não importa o que os outros pensem. Estudar é um direito de todos. Aqui a gente é respeitado, acolhido e aprende a acreditar em si mesmo.”

Fonte: Governo AC