A Revista Pihhy, voltada à criação e à produção de materiais de autoria indígena, chega à sua 9ª edição com conteúdos de diversos povos indígenas. A publicação é uma realização da Universidade Federal de Goiás (UFG), por meio do Núcleo Takinahakỹ de Formação Superior Indígena, e do Ministério da Cultura, com a Secretaria de Formação Artística e Cultural, Livro e Leitura (Sefli).
O projeto marca a história da produção intelectual indígena no Brasil, sendo a única do gênero publicada. A ideia é promover um espaço para a criação, produção e circulação de materiais de povos originários de todo o país, criando uma ponte entre os saberes indígenas e a sociedade.
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O professor da UFG, Alexandre Herbetta, celebra a ação e a qualidade das produções. Ele explica que “Pihhy” significa semente em mehi-jarkwa. “Ela é uma revista que caminha com os pés de barro e com as mãos cheias de sementes. Uma publicação que compreende a urgência de debater saúde, sustentabilidade, justiça social, terra e território a partir de perspectivas originárias — com o corpo e com o território. Aqui se fala sobre políticas públicas, ancestralidade, lutas comunitárias, língua e espiritualidade, como dimensões entrelaçadas da vida”.
Para ele, a 9ª edição pulsa como território vivo de encruzilhadas: de saberes, de línguas, de corpos, de territórios e de memórias. “Um espaço que não se quer neutro, mas assumidamente contra-colonial, pluriepistêmico e plurilíngue — construído com e desde os povos indígenas em sua diversidade, insurgência e beleza”, finaliza.
Para o secretário da Sefli, Fabiano Piúba, a palavra Pihhy ganha um sentido mais abrangente por não significar semente, mas por simbolizar um “sementário“, um banco de coleções de sementes da policultura do pensamento indígena brasileiro.
A revista Pihhy
O projeto teve seus primeiros conteúdos lançados no primeiro semestre de 2024 e alcançou a marca de 100 autores e autoras indígenas, pertencentes a mais de 40 povos originários distintos no Brasil. A iniciativa está disponível no site do Ministério da Cultura e faz parte do programa de fortalecimento à “conexão, cultura e pensamento”.
O grupo responsável por essa produção é liderado pelos professores Alexandre Hartant Herbetta e Gilson Tenywaawi Tapirapé, com apoio de Mirna Kambeba Anaquiri, José Alecrim, Gregório Huhte, Julio Kamer e José Cohxyj. As edições tiveram resultados com livros e e-books inseridos nos currículos e planos de ensino de unidades escolares em algumas partes do país, chegando às escolas indígenas e não indígenas como material didático diferenciado.
Fonte: Ministério da Cultura