Sistemas pluviais multiuso levam água para comunidades da Amazônia

Geral

Neste 22 de março, em que se celebra o Dia Mundial da Água, Programa Cisternas ultrapassa soma mais de 1,32 milhão de tecnologias de acesso à água instaladas pelo país

Foto: Claudio Martins Verissimo

Na maior bacia hidrográfica do mundo, talvez seja inimaginável pensar que as pessoas não tenham acesso à água. Mas na Amazônia, o Programa Cisternas mudou a realidade da população ribeirinha, afetada tanto por secas cada vez mais prolongadas, quanto pela falta de água potável.

Desde 2023, o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) instala sistemas pluviais multiuso na região. Eles garantem acesso para as famílias de baixa renda, inscritas no Cadastro Único e instaladas em reservas extrativistas a esse bem essencial para a vida.

“Historicamente, o problema da Amazônia não é a falta da água, e sim a qualidade da água que chega até a população. Essa tecnologia é uma solução mais completa de água e esgoto, já que envolve a captação de água, a disponibilização de água para a família, a fossa séptica e banheiro com vaso sanitário, chuveiro e pia”, explicou o coordenador-geral de Acesso à Água do MDS, Vitor Santana.

Uma das beneficiadas é Rosilda Cordeiro Leite, 41 anos, que recebeu em agosto de 2024 o sistema domiciliar de captação e reserva de água de chuva, uma das tecnologias integradas ao Programa Cisternas. A família é uma das 1.987 beneficiadas com os sistemas autônomos na Amazônia.

54356819494_26edc6ba44_k.jpg
No dia 22 de março de 1992, a Organização das Nações Unidas (ONU) criou o Dia Mundial da Água. A data é um esforço da comunidade internacional para colocar em pauta questões essenciais que envolvem os recursos hídricos. Foto: Claudio Martins Verissimo

Agora, ela e a família têm acesso à pia para lavar alimentos; a louça suja já não acumula; as crianças já não sofrem com os frequentes problemas intestinais; tem chuveiro para tomar banho e vaso sanitário com descarga e fossa; além de água para irrigar a plantação de subsistência – macaxeira e banana, principalmente.

“Ajudou muito. Quando a gente chegava do trabalho, tinha que ir até o porto, pegar água para tomar banho. Meus filhos iam para a escola de manhã e tinham que tomar banho na beira do lago. Hoje em dia, não: eles já tomam banho em casa. Tem bastante água”, comemorou Rosilda.

A tecnologia é constituída por um módulo familiar, que inclui componente para captação de água de chuva, dispositivo de tratamento, um reservatório individual de mil litros, um filtro de barro de oito litros, uma instalação sanitária domiciliar e a instalação de quatro pontos de uso, inclusive vaso sanitário.

Também faz parte da tecnologia um módulo que inclui captação de água de fonte complementar, unidade de tratamento, reservatório de cinco mil litros comunitário e rede de distribuição de água aos módulos familiares.

Sistema Comunitário

Maria Angélica Pereira vive na Reserva Extrativista do Lago do Capanã Grande, distante cerca de 18 horas de embarcação de Manaus, a mesma de Rosilda. “Antes a gente lavava vasilhas e a louça tudo lá embaixo (no rio). Com a seca, ficou muito longe o rio. Seria mais trabalhoso ter que ir. Até devido ao calor, ao sol, as pessoas precisam fazer as coisas cedo”, recordou.

Foi bastante importante. Antes existia mais; hoje, a gente quase não vê as pessoas adoecendo por causa de (falta de) tratamento de água”

Maria Angélica Pereira, beneficiária do Programa Cisternas

Mas isso mudou quando foi instalado, no centro da pequena comunidade de São Raimundo, na qual Maria Angélica vive há quatro anos, o sistema pluvial multiuso comunitário. Construído perto da escola e do campo de futebol, esta outra tecnologia de captação e tratamento de água do Programa Cisternas já beneficiou mais 3.009 famílias na Amazônia.

“O projeto foi criado por conta disso. Por conta de as pessoas não terem um local adequado para fazer as suas necessidades. Foi bastante importante. Antes existia mais; hoje, a gente quase não vê as pessoas adoecendo por causa de (falta de) tratamento de água”, explicou a beneficiária do programa.

Na Amazônia, o investimento do Governo Federal é de R$ 107,7 milhões pelo Programa Cisternas. Pela iniciativa, mais de quatro mil banheiros foram construídos na região.

“Ter um banheiro dentro de casa é muito importante e útil. E também é higiene, né? Antes era bem difícil. Porque a água vem (nos tempos de cheia) e como as pessoas vão fazer suas necessidades? Isso traz um benefício muito grande para gente aqui”, prosseguiu Maria Angélica.

 

Programa Cisternas

O Governo Federal retomou o programa em julho de 2023, por iniciativa da gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Desde então, foram entregues 59,6 mil cisternas e outras tecnologias sociais de acesso à água pelo país.

O programa começou a ser executado em 2003, atuando no Semiárido brasileiro. Depois, foi expandido para outras áreas do Nordeste e atualmente tem experiências em outros biomas, inclusive o Amazônico.

Em pouco mais de 20 anos, foram construídas mais de 1,32 milhão de cisternas em todo o país, sendo que até 2016 foram entregues mais de um milhão de unidades.

.
.
54356819494_26edc6ba44_k.jpg
No dia 22 de março de 1992, a Organização das Nações Unidas (ONU) criou o Dia Mundial da Água. A data é um esforço da comunidade internacional para colocar em pauta questões essenciais que envolvem os recursos hídricos. Foto: Claudio Martins Verissimo
54356618521_d8f11ddd5b_k.jpg
Foto: Claudio Martins Verissimo
54357018180_08a08e4d9b_k (1).jpg
Foto: Claudio Martins Verissimo
54356840143_01717d8e37_k.jpg
Foto: Claudio Martins Verissimo