A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, conversou, neste sábado (9/8), com cerca de 400 jovens sobre o Balanço Ético Global (BEG) no Sesc Pinheiros em São Paulo (SP). Um dos quatro pilares de mobilização social da COP30, a Conferência do Clima da ONU que ocorre em Belém em novembro, o BEG busca discutir o imperativo ético de se enfrentar a mudança do clima em um planeta que já sofre seus impactos sob diversas maneiras.
A iniciativa tem como ferramenta a reflexão com base na cultura, artes, ciência e saberes indígenas e de comunidades tradicionais para debater a mudança de comportamentos e trajetórias coletivas, fundamentais para a transformação ecológica. Afinal, segundo a ministra, a humanidade já dispõe das respostas técnicas para combater a crise do clima. Esse enfrentamento depende agora do compromisso ético, que envolve a alteração profunda nos padrões de consumo da humanidade.
“Há limites para ter. São 8 bilhões de pessoas desejando ter, e o planeta não aguenta as pessoas sendo felizes apenas se tiverem. Mas o ideal do ser é sustentável. Há limites para ter, mas não há limites para ser”, pontuou. “Aí seremos mais felizes, porque teremos o consumo necessário, desejável, compatível. E vamos consumir outras coisas: mais poesia, mais conhecimento de paisagens, mais livros.”
Organizado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) em parceria com a Secretaria-Geral da Presidência da República (SGPR), o SESC São Paulo e a Fiocruz (Agenda Jovem), o evento “Juventude e Balanço Ético Global: Liderança e Compromisso Climático rumo à COP30” também teve a presença do secretário nacional de Juventude da SGPR, Ronald Sorriso, da superintendente Técnico-Social do Sesc São Paulo, Rosana Paulo da Cunha, e da liderança indígena Txai Suruí, além de representantes das juventudes de diferentes regiões do país. Participaram remotamente a Campeã da Juventude da COP30, Marcele Oliveira, e a diretora de programa da conferência, Alice Amorim.
Marina Silva explicou que o Balanço Ético Global apontará, “do ponto de vista da ética, o que deve ser feito, e que se o que está sendo feito está em concordância com os compromissos que assumimos”. Sobretudo, de acordo com ela, as resoluções do Consenso dos Emirados Árabes Unidos, pactuado na COP28, em Dubai, pelo qual quase 200 países concordaram em triplicar as energias renováveis, duplicar sua eficiência, acabar com o desmatamento e fazer a transição para o fim do uso dos combustíveis fósseis.
“A sociedade deve dizer as verdades que são muito convenientes, mas que alguns acham inconvenientes: que não podemos ultrapassar o 1,5º de aquecimento do planeta em relação aos níveis pré-industriais”, enfatizou, referindo-se à meta do Acordo de Paris. “Ainda que o presidente do IPCC tenha me dito, recentemente, que existe apenas uma frestinha para não ultrapassarmos o 1,5ºC, é nessa frestinha que nós vamos, pressionando governos e empresas. Porque nossa responsabilidade individual se transforma em coletiva ao escolhermos nossos governantes.”
Txai Suruí ressaltou que os povos indígenas aplicam há anos em seus territórios, por meio de seus modos de vida, diversas soluções climáticas. “Precisamos de mais recursos, que as pessoas olhem para nós e ouçam o que estamos dizendo”, apontou.
Ronald Sorriso reforçou o papel da juventude para o Balanço Ético Global. “O balanço técnico admite tudo baseado nos números”, disse. “Quando a gente pensa num balanço ético, a gente coloca o dedo na ferida e diz por que esse objetivo não foi alcançado. A juventude tem possibilidade de fazer esse apontamento porque não temos responsabilidade com nada do que veio do passado. Recebemos de herança, mas não devemos persistir no erro. A gente pode mudar os caminhos.”
Marcele Oliveira descreveu o BEG como uma das formas de engajamento da juventude em relação à COP30, um movimento, para ela, essencial. “Essa conferência não é apenas uma conferência, mas a conferência que pode mudar o debate sobre justiça climática no mundo. A gente está precisando disso, que a urgência e a emergência sejam faladas com seriedade”, destacou.
Sobre o Balanço Ético Global
Liderado pelo presidente Luíz Inácio Lula da Silva e pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, o BEG ocorrerá a partir de Diálogos Regionais a serem realizados até outubro em diferentes continentes – o primeiro, representando a Europa, aconteceu em Londres no mês de junho – e de Diálogos Autogestionados, que serão promovidos por organizações da sociedade civil e governos nacionais e subnacionais, seguindo a mesma metodologia e princípios do processo central (saiba mais aqui).
Os encontros reúnem lideranças religiosas, políticas e empresariais, artistas, representantes de povos indígenas, comunidades locais e afrodescendentes, jovens, cientistas, formuladores de políticas públicas e ativistas. Os participantes são selecionados para refletir a diversidade de identidades, geografias, setores e visões de mundo.
Em cada região, um coorganizador ajudará a promover e articular os princípios, objetivos e operacionalização do BEG. São eles Mary Robinson (Europa), Michelle Bachelet (América do Sul e Caribe), Wanjira Mathai (África), Kailash Satyarthi (Índia), Anote Tong (Oceania) e Karenna Gore (América do Norte).
O processo vai gerar seis relatórios regionais e um relatório-síntese, que na Pré-COP, em outubro, será submetido à Presidência da COP para consideração na formulação das decisões e envio a chefes de Estado e negociadores climáticos. Os resultados contidos nos documentos serão apresentados em um pavilhão na Zona Azul da COP30 com vídeos dos eventos, obras co-elaboradas nos Diálogos e possíveis produtos que surgiram em outros balanços éticos pelo mundo.
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