Oficinas e alinhamento para maior transparência do programa marcam segundo dia do Encontro de Agentes Territoriais de Cultura do Nordeste

Cultura

Oficinas formativas para os agentes e alinhamento entre coordenadores para aprimorar a transparência do programa – essa foi a tônica do segundo dia do I Encontro Regional de Agentes Territoriais de Cultura do Nordeste, que aconteceu nesta quarta-feira (28), em Natal (RN).

Enquanto os agentes se dividiram entre atividades educativas, dirigentes do Ministério da Cultura (MinC) se reuniram com as lideranças dos comitês de cultura, coordenadores dos Institutos Federais e dos Escritórios dos estados nordestinos para anunciar novas medidas que vão tornar a prestação de contas do Programa Nacional dos Comitês de Cultura (PNCC) mais acessível.

“Vamos lançar um Portal da Transparência para os comitês de cultura, onde todo cidadão vai poder acessar as informações sobre a execução dos planos de trabalho de forma rápida e intuitiva. Os documentos de gestão do Programa, dados sobre as organizações da sociedade civil participantes, estarão disponíveis no Portal. Lá será possível também acompanhar onde os comitês estão aplicando o dinheiro”, explicou a diretora de Articulação e Governança do MinC, Desiree Tozi.

A previsão é de que o novo portal esteja no ar até o final do semestre.

Da educação popular ao letramento digital

Os cerca de 170 agentes territoriais que estão presentes no Encontro se dividiram para participar de uma das cinco oficinas formativas oferecidas ao longo da manhã. Os temas variaram entre Elaboração de projetos culturais; Moodle; Combate à desinformação e letramento digital; Arte como ferramenta na educação popular; e Políticas culturais e estratégias de mobilização territorial. 

“Isso está sendo muito rico. E hoje a oficina está num lugar de muito amor, porque é de teatro e eu sou do teatro. A gente fez jogos teatrais e nós terminamos com a construção de algumas cenas falando sobre a temática que a gente vem debatendo aqui no Encontro, então, não poderia estar sendo melhor”, explicou Manu Maia, agente territorial do Rio Grande do Norte que fez a oficina de Arte e educação popular. 

A coordenadora-geral substituta do Sistema Nacional de Patrimônio Cultural do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Laís Helena de Queiroz, ministrou a oficina sobre Políticas culturais e estratégias de mobilização territorial. Para ela, foi importante conhecer, por meio dos agentes, os territórios onde o Iphan ainda não tem contato. “A gente percebe que os agentes têm um potencial gigantesco de levarem a questão para além dos instrumentos de tombamento, de reconhecimento de registro, para começarem a pensar o patrimônio cultural por uma perspectiva popular, por uma perspectiva do que eles podem fazer em termos de valorização desse patrimônio, dessas comunidades, desses territórios”, afirmou.

Rolezinho cultural 

Na parte da tarde, os agentes territoriais puderam se dividir para conhecer dois lugares simbólicos na cidade de Natal. Um grupo foi para Gamboa do Jaguaribe, um sítio ecológico e histórico localizado no bairro Redinha, na Zona Norte da cidade. De responsabilidade da ONG Instituto Gamboa, é um ponto cultural que tem o objetivo de conscientizar a população sobre a importância da preservação ambiental, além de fortalecer a cultura indígena.

O agente territorial Dido Canela, da cidade de Barra do Corda (MA), lembrou da importância de demarcar as origens indígenas mesmo em regiões mais urbanas. “Cada localidade apresenta sua ancestralidade”.

Já a estudante de Geografia Carla Moraes, que atua como agente territorial no Ceará, se emocionou ao lembrar da própria trajetória. Ela atua no Assentamento 25 de Maio, o primeiro conquistado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) no estado. “Eu começo a me identificar com essa comunidade, com as resistências. A gente é todo mundo, e isso aqui também é uma forma de aprender sobre a decolonialidade, sobre nossas raízes”, afirmou.

O outro passeio cultural foi na comunidade Santo Antônio, onde os agentes foram recebidos pelo grupo cultural Congos de Combate, que promoveu uma imersão na cultura popular do território. A visita incluiu apresentações culturais, momentos de troca e discussão sobre a valorização da memória coletiva local, fortalecendo os laços entre os agentes e os territórios que eles representam.

O mestre brincante Gláucio Teixeira, agente cultural e conselheiro municipal de cultura, destacou o impacto positivo da ação. “São Gonçalo é um dos territórios do Rio Grande do Norte com grande potencial cultural. As maiores expressões artísticas populares estão aqui. A vinda dos agentes territoriais potencializa ainda mais esse trabalho, porque nos reconhece como agentes transformadores e reconhece o nosso lugar como ponto de cultura social”. 

Fonte: Ministério da Cultura