Operação na periferia de Salvador durante o Carnaval deixa 12 mortos e expõe desafios em segurança pública sob gestão petista
Foto: PMBA/Divulgação
Uma operação policial na madrugada de terça-feira (4) resultou em 12 mortos no bairro de Fazenda Coutos, em Salvador, reacendendo o debate sobre a política de segurança pública na Bahia, estado administrado há mais de 18 anos pelo Partido dos Trabalhadores (PT), mesma legenda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O episódio, classificado como a 100ª chacina na capital e região metropolitana desde julho de 2022, segundo o Instituto Fogo Cruzado, expõe críticas à estratégia de segurança sob gestão petista.
Dados do instituto revelam que 67% das chacinas registradas no período envolveram ações policiais, totalizando 261 mortos. Para Tailane Muniz, coordenadora regional do Fogo Cruzado na Bahia, os números indicam falhas estruturais. “Quando 12 pessoas morrem numa ação policial, fica claro que a prioridade é o confronto, não a proteção. Moradores enfrentaram mais de 7 horas de tiroteio, transporte suspenso… O que muda após tantas mortes?”, questionou.
A Secretaria de Segurança Pública (SSP) da Bahia, vinculada ao governo do PT, afirmou em nota que a operação visava conter uma invasão de grupo criminoso e resultou na apreensão de armas e drogas. A pasta destacou que as circunstâncias estão sendo investigadas pela Polícia Civil e que o policiamento segue intensificado.
Chacinas e perfil das vítimas
O Fogo Cruzado define chacina como eventos com três ou mais civis mortos a tiros. Salvador lidera o ranking estadual, com 63 casos desde 2022, 46 dos quais em operações policiais. Entre as vítimas, 93% são homens, incluindo crianças e idosos. Locais como Águas Claras e Fazenda Coutos concentram os registros.
Contexto político
A Bahia, governada pelo PT desde 2007, mantém laços estreitos com o governo federal de Lula. A persistência de altos índices de violência policial, no entanto, coloca em xeque as políticas de segurança do partido, historicamente crítico de abordagens repressivas. Enquanto o governo estadual defende suas ações como necessárias, organizações cobram transparência e eficiência.
A SSP reforçou que a operação em Fazenda Coutos “não tem relação com o Carnaval” e que busca “assegurar a tranquilidade dos moradores”. O impasse, porém, ilustra um desafio persistente na gestão petista: equilibrar combate ao crime e garantia de direitos humanos.
Nota da editoria: Desde 2007, o PT governa a Bahia, sendo Jaques Wagner (2007-2014) Rui Costa (2015-2022) e Jerônimo Rodrigues (2023-presente) os representantes mais recentes do partido no estado. O presidente Lula, eleito pela terceira vez em 2022, integra a mesma legenda.*