Seminário apresenta Relatório de Boas Práticas com recomendações para Políticas Públicas de Arte, Cultura e Educação

Cultura

Debater a parceria, a colaboração, a intersetorialidade e a governança colaborativa nas políticas de cultura e educação. Com esses objetivos, foi realizado, na quarta-feira (25), em Brasília (DF), o Seminário Experiências Internacionais que conectam Arte, Cultura e Educação, uma realização do Ministério da Cultura (MinC), por meio da Secretaria de Formação Artística e Cultural, Livro e Leitura (Sefli), do Ministério da Educação (MEC), pela Secretaria de Educação Básica (SEB), e da Fundação Itaú.  

Com mesas e painéis diversos durante todo o dia, e transmissão on-line para todo o Brasil, o evento reuniu gestores, artistas, professores, a sociedade civil, além de pesquisadores. O público teve a oportunidade de conhecer, em primeira mão, o Relatório de Boas Práticas com Recomendações para Políticas Públicas de Arte, Cultura e EducaçãoUm documento om evidências e experiências de políticas nacionais e internacionais, sobre como a integração entre arte, cultura e educação pode impulsionar o desenvolvimento de políticas públicas.   

O Relatório foi realizado com apoio da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), e é resultado do Acordo de Cooperação Técnica (ACT) entre a Fundação Itaú, MEC, MinC e Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). E combina pesquisas, evidências e dados empíricos internacionais, identificando os principais desafios para o Brasil no futuro.  

Acordo de Cooperação Técnica  

Fruto da parceria entre as instituições, consolidada em 2024 com a assinatura de um Acordo de Cooperação Técnica (ACT), o seminário tem o objetivo de ampliar ações e produzir evidências sobre os impactos da arte e da cultura no desenvolvimento integral de crianças e adolescentes.    

Durante a mesa de abertura, o secretário de Formação Artística e Cultura, Livro e Leitura do Ministério da Cultura (MinC), Fabiano Piúba, ressaltou que o seminário é a oportunidade de apresentação do relatório de boas práticas, recomendações essas que são importantes para a construção de políticas públicas de arte, cultura e educação. 

“E estamos também produzindo modelagens, parâmetros e referências para programas e projetos que promovam impactos nos processos educativos e no desenvolvimento integral de nossos estudantes por meio do ensino das artes e da vivência da experiência de criação, fruição e produção artística nas vidas de nossas crianças adolescentes”.  

Também presente no evento, a secretária de Educação Básica do Ministério da Educação (MEC), Kátia Schweickardt, falou da necessidade do enlace entre cultura e educação. 

“Para um melhor potencial da educação integral, para transformar a vida das pessoas, para nós, para muita gente também. É importante dizer isso: educação integral não é só ampliar a jornada, isso é uma das dimensões que todo mundo enxerga e às vezes as pessoas até confundem, elas acham que a escola de tempo integral é a educação integral, não necessariamente tem escola de tempo integral que não faz educação integral porque não olha para todas as dimensões da pessoa”.  

O presidente da Fundação Itaú, Eduardo Saron, destacou com entusiasmo a oportunidade de diálogo sobre a intersetorialidade das políticas. “E temos, de fato, a escola como equipamento público mais presente no território brasileiro. E isso possa ser o catalisador das soluções, não só para o processo de ensino-aprendizagem, mas também das soluções que os territórios oferecem, a partir deste catalisador chamado escola pública. Estou muito feliz de estar aqui com vocês”.  

A líder do Education Policy Outlook da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), Diana Toledo, responsável por apresentar o relatório, explicou a relevância da parceria da OCDE com os dois ministérios e com a Fundação Itaú.  

Esse é um exemplo de um trabalho de muito tempo que é contínuo. Eu gostaria de fazer um comentário geral sobre a participação do Brasil como um país parceiro da OCDE. A participação do Brasil tem sido sustentada e estendida. Como você sabe, o Brasil é um membro fundador desde os anos 2000. É um contribuinte muito importante coletando data e informações de qualidade, falando sobre como essa educação brasileira se dá”.  

E de alertar para pontos que são de atenção, pontos que são prioritários, como essa questão do desenvolvimento integral passando por essa dimensão da cultura, é muito importante nesse momento agora que o Brasil está vivendo. Então, nesse sentido, a gente parabeniza a organização deste seminário, pontuou o presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Aléssio Costa. 

Detalhes do Relatório de Boas Práticas  

Entre os temas centrais que orientam o estudo, estão o papel das escolas e da educação na promoção da equidade por meio da arte e da cultura; a importância da intersetorialidade e da articulação com espaços ampliados de aprendizagem, como instituições culturais e organizações da sociedade civil; e o fortalecimento da cooperação entre as áreas de educação e cultura nas diferentes esferas de governo. 

O documento propõe recomendações práticas, como: 

Financiamento específico para estudantes em situação de vulnerabilidade;  
Apoio à implementação equitativa do currículo de artes; 
Criação de redes colaborativas locais; 
Definição de estruturas claras de governança intersetorial.  

Dados 

O estudo parte do pressuposto de que os setores artístico e cultural contribuem de forma considerável para o crescimento econômico e promovem habilidades e inovação que beneficiam outras áreas. Entre 2012 e 2020, a taxa média de crescimento anual da economia da cultura e do setor criativo foi de 2,2% ao ano, em comparação a -0,4% da economia nacional em geral, segundo dados levantados em 2022 pelo Observatório Fundação Itaú.  

A contribuição econômica da educação artística e cultural vai além do setor cultural. Em toda a OCDE, de acordo com a própria organização, cerca de 40% das vagas relacionadas a cultura e criatividade estão fora desse setor – por exemplo, licenciados em artes que trabalham com inovação de produtos –, formando uma parcela cada vez maior de cargos altamente resilientes à automatização e fundamentais para a inovação.  

Ainda segundo o Observatório Fundação Itaú, o mesmo acontece no Brasil, onde cerca de 28% dos trabalhadores dos setores de cultura e criatividade estavam empregados em outras áreas no último trimestre de 2023.  

De acordo com o documento, as desigualdades educacionais no Brasil também afetam a participação cultural dos estudantes. A porcentagem de participação em atividades artísticas e culturais para estudantes de baixo nível socioeconômico é maior no Brasil do que a média da OCDE, mas a diferença entre estudantes de alto e baixo nível socioeconômico é maior no Brasil (5,2 pontos percentuais) em comparação à média da OCDE (2,9 pontos percentuais). Aqui, a desvantagem socioeconômica, assim como o território e a etnia, é um fator significativo associado ao menor desempenho acadêmico.  

O levantamento também traz uma série de possibilidades de ações que apontam caminhos para uma atuação integrada que valorize a diversidade, amplie o acesso e consolide parcerias sustentáveis entre arte, cultura e educação, bem como uma análise aprofundada do cenário brasileiro em relação ao engajamento cultural e artístico nas escolas e às iniciativas que já despontam nesta área. A análise é dividida em três níveis de envolvimento com os estudantes: setor educacional, ambiente de aprendizagem ampliado e órgãos nacionais e subnacionais (por exemplo, Ministérios da Cultura e da Educação). 

Debates e painéis  

Além da mesa de abertura, o evento contou com a mesa com a apresentação de Relatório de Boas Práticas: Recomendações para a construção de Políticas Públicas de Arte, Cultura e Educação com a presença de Diana Toledo, líder do Education Policy Outlook da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) e Esmeralda Macana, coordenadora do Observatório Fundação Itaú; e o painel Promoção de parcerias locais como forma de valorização dos territórios nas políticas de cultura e educação, com a representante da Alemanha, a Marcela Rocio Herrera Oleas, especialista científica do DLR Projektträger, a Bel Mayer, educadora e coordenadora do Instituto Brasileiro de Pesquisa e Apoio Comunitário (IBEAC), a comentarista Luna Arouca, assessora de Fortalecimento Institucional (Redes da Maré) com a moderação de Mariangela Andrade, diretora de Educação e Formação Artística (Ministério da Cultura).  

Seminário arte, cultura e educação
Foto: Ascom MinC

No período da tarde, o seminário seguiu com o debate Currículo para a promoção do desenvolvimento integral, com a presença da representante da Colômbia (em participação online), a Solman Diaz, diretora de Qualidade, Vice-Ministério da Educação Infantil, Básica e Secundária, com o Daniel Munduruku, escritor, professor, ator e ativista indígena originário do povo Munduruku, com comentários do Luis Miguel, presidência da Região Sudeste – União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (UNDIME) e moderação de Alexandre Falcão de Araújo, coordenador na Coordenação Geral de Educação Integral e Tempo Integral do MEC.  

O terceiro painel, Intersetorialidade e governança colaborativa nas políticas de cultura e educação, teve participação  e representante da França, François Legué, assessor de cooperação e ação cultural no Brasil. Política – Educação Artística e Cultural (L’éducation artistique et culturelle), com a Eliane Parreira, secretária de Cultura de Belo Horizonte, e Rowenna Brito, secretária de Educação da Bahia), tendo o Fabrício Noronha, secretário de Cultura do Espírito Santo e Vice-presidente do Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes Estaduais de Cultura como comentador e a moderação feita por Carla Chiamareli, gerente do Observatório Fundação Itaú. 

O evento contou com transmissão online e as falas estão disponíveis aqui

Fonte: Ministério da Cultura