Mobilização liderada por artistas, como Caetano Veloso, foi decisiva para o resultado
Foto: Agência Brasil
Da Redação
Após semanas de impasse, a Câmara dos Deputados aprovou a proposta que isenta do imposto de renda quem ganha até R$ 5.000,00, com efeitos até R$ 7.350,00. Mobilização liderada por artistas, como Caetano Veloso, foi decisiva para o resultado.
A Câmara dos Deputados aprovou ontem a proposta que garante isenção do imposto de renda para trabalhadores com renda mensal de até R$ 5.000,00, com efeitos também para quem recebe até R$ 7.350,00. A medida, promessa de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, enfrentava forte resistência da oposição, que tentava travar a votação sob o argumento de que beneficiaria politicamente o governo.
O impasse se arrastou por semanas. Partidos de oposição condicionaram a análise da proposta a negociações envolvendo outras pautas e chegaram a paralisar a agenda de interesse do país, enquanto apostavam suas fichas em medidas como a PEC da blindagem e a PEC da anistia, voltadas para autoproteção parlamentar e perdão a envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.
A aprovação da PEC da blindagem, no entanto, provocou reação imediata. Milhares de pessoas foram às ruas em todo o país, em protestos que ganharam força após convocação de Caetano Veloso e Paula Lavigne, com apoio de nomes como Chico Buarque, Paulinho da Viola e Djavan. Os atos denunciaram a blindagem e a anistia como pautas antidemocráticas e colocaram pressão direta sobre os parlamentares.
Diante da mobilização, a oposição acabou emparedada. A manutenção da obstrução à proposta de isenção do imposto de renda passou a representar alto custo político, e os partidos contrários não conseguiram segurar a votação. Assim, o projeto foi aprovado, mesmo após semanas de tentativas de adiamento.
O episódio evidenciou a força da pressão popular. Além de beneficiar milhões de brasileiros com alívio no bolso, a medida se tornou exemplo de como mobilizações organizadas pela sociedade civil podem alterar o curso das decisões políticas em Brasília.
O simbolismo da participação de Caetano Veloso também foi destacado. O artista, perseguido pela ditadura e defensor histórico da democracia, voltou a ocupar papel de liderança política e cultural, usando sua voz para chamar a atenção da população e mobilizar diferentes setores em defesa da liberdade e da justiça social.
Agora, o projeto segue para o Senado. A expectativa é que a tramitação avance com mais rapidez, já que a aprovação na Câmara se deu sob forte pressão das ruas. Para o governo, trata-se de uma vitória importante no campo econômico e político, mas, para além do Planalto, o resultado é visto como conquista direta da população, que transformou manifestações culturais em movimento de impacto legislativo.