De acordo com o levantamento realizado até maio de 2023, do total de 727 pontes federais avaliadas, 130 foram classificadas como extremamente deterioradas
Foto: Bombeiros Militar/Governo do Tocantins
A recente tragédia do desabamento da Ponte Juscelino Kubitschek, ocorrida em 22 de dezembro de 2024, trouxe à tona um alerta urgente sobre a precariedade da infraestrutura rodoviária no Brasil. O colapso dessa estrutura crítica, que ligava Tocantins e Maranhão e fazia parte da BR 230, expôs a fragilidade de várias outras pontes federais, com um relatório do Ministério Público revelando que 40 delas estão em estado crítico e podem desabar nos próximos anos.
De acordo com o levantamento realizado até maio de 2023, do total de 727 pontes federais avaliadas, 130 foram classificadas como extremamente deterioradas. A situação é alarmante, considerando que muitas dessas estruturas estão sob a responsabilidade do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), colocando milhões de brasileiros em risco.
O colapso da Ponte Juscelino Kubitschek não foi um evento isolado. Desde 2019, 19 pontes em risco desabaram, sendo nove apenas em 2024. A negligência na manutenção e fiscalização dessas obras é um problema recorrente, e a falta de um mapeamento completo das pontes no país agrava a situação. Embora o DNIT tenha monitorado cerca de 5.200 das 6.200 pontes federais nos últimos dois anos, a periodicidade das inspeções, que ocorrem apenas a cada dois anos, é insuficiente para detectar problemas estruturais a tempo.
Estados como Ceará, Pernambuco, Minas Gerais e Pará concentram o maior número de pontes em risco, com problemas que vão de fissuras graves a falhas estruturais. O Ceará, por exemplo, possui 93 pontes federais em estado crítico, localizadas em rodovias essenciais para a economia, como as BRs 020, 116, 222 e 122.
A má gestão e a falta de recursos para a manutenção de pontes críticas, aliado a processos licitatórios que muitas vezes falham, revelam um cenário preocupante. Programas como o PROARTE, voltados para a reabilitação de pontes, enfrentam limitações orçamentárias que comprometem suas ações.
O desabamento da Ponte Juscelino Kubitschek, portanto, não deve ser visto apenas como uma tragédia isolada, mas como um chamado à ação urgente para a melhoria da infraestrutura no Brasil. A falta de investimentos e a negligência na fiscalização podem levar a mais tragédias, colocando em risco a vida de milhões de cidadãos e a logística de importantes regiões do país. A hora de agir é agora.